Um conto atrasado de dia dos namorados (4ª parte)

05/08/2015 00:31

Diego ficou extremamente irritado com aquele telefonema. Toda aquela confusão devia ser passado para ele, ainda mais no momento em que tudo, aos poucos, começava a voltar ao normal. Ficou inquieto por algumas horas, percorrendo inúmeras vezes os cômodos de sua casa, até que pediu o endereço para a mãe. Teve de fazer o percurso de ônibus, já que estava sem carro. Para piorar ainda mais, viu numa esquina seu rival Norberto, exibindo o carro para os amigos que um dia eram mais próximos do jovem. Durante toda a viagem, o rapaz se fazia uma única, porém persistente pergunta: por que ele? Por que não Norberto? Certamente ele iria encarar aquela situação de melhor modo que ele encarava. E ainda tinha de conviver com a irônica cartada do destino de torná-lo o único capaz de salvar a garota que arruinara sua vida social.

Maria Clara morava em um bairro de classe média, numa casa de simples de dois andares. Ainda sim, o jovem bateu em duas portas por engano, até acertar a residência da moça.

- É aqui que mora a Maria Clara? - perguntou para a senhora que abrira a porta.

- É aqui sim – respondeu a mulher – acaso você não se lembra de mim no hospital?

- Não muito bem. Ela está ai?

- Está no quarto, desolada... Entre por favor...

O jovem então entrou, avaliando desinteressadamente cada pequeno detalhe da casa. Sentou-se ao sofá enquanto ouvia tudo o que acontecera com a moça desde o tempo em que ela saíra do hospital. Observou também todas as fotos que exibiam toda uma história de vida, e a culpa que tinha adormecido, acordara como uma fera faminta que novamente, lhe corroía por dentro. Em meio a todas as coisas fúteis e irresponsáveis que revivera nos últimos dias, tinha essa oportunidade de sentir que fazia algo realmente útil, ainda que fosse para reparar um erro que ele próprio cometera. Encarava aquela como a última chance de conseguir salvar sua alma, mostrando que ainda resguardava algo de bom dentro do coração.

Maria Clara assemelhava-se a um fantasma tanto no corpo, quanto na alma. Tinha a pele pálida pela falta de sol e um olhar lânguido, perdido no espaço-tempo que levava a um universo paralelo onde tudo havia dado certo. Costumam dizer que fantasmas são nada menos que pessoas cobrando dívidas pendentes, pelo menos nesse caso, a afirmativa era certa. Quando o jovem entrou pela porta, mais parecia ter sido atingido por um forte golpe no estômago, resultado quem sabe, dos pensamentos lançados pela moça assim que o avistou:

- O que você está fazendo aqui? - perguntou ela.

- Eu vim aqui pra tentar te ajudar... - falou.

- Você acabou com a minha vida. Nada do que você fizer vai mudar isso...

- Não acha que isso é “drama” demais?

- Eu estou presa numa cama, estou perdendo aula da faculdade, meu noivo terminou comigo e eu nem sei se algum dia vou voltar a andar. Me diz, acaso eu estou sendo dramática?

- Desculpe. Mas isso não quer dizer que você possa ficar assim! Afinal, ainda existe chance de você caminhar de novo e de recuperar tudo o que perdeu.

- Isso é o que todo mundo diz, só que eu sei a verdade...

- A verdade é que amanhã eu vou passar aqui e te levar para a fisioterapia. Se acaso você não tem iniciativa para recuperar sua vida de volta, eu tenho para me livrar dessa culpa, então querendo ou não, você vai!

A jovem então deu o assunto por encerrado, virando o rosto de lado e desligando-se da conversa. Diego percebera que se alterou um pouco, então decidiu ir embora antes que piorasse as coisas. Entretanto, antes de sair ouviu as últimas palavras que a jovem diria naquele dia, e que o levara a se sentir como um condenado a morte que aceita irrefutavelmente sua pena:

- Nem que você morra, eu nunca vou conseguir perdoar você pelo que me fez... - disse Maria Clara em um tom frio e sinistro.

O rapaz não olhou para trás, seguiu seu caminho. Aquele foi o golpe mais forte que já recebera na vida.

Eram sete horas da manhã quando Diego tocou a campainha da casa de Maria Clara. Acabou dando de cara com o pai da jovem que saia para o trabalho e curioso, quis saber qual a justificativa da presença do jovem. Dadas as devidas explicações, restava acordar a moça que dormia angelicalmente.

- Você aqui? - perguntou ela em meio a um bocejo.

- Eu disse que vinha.

- Não acreditei. Além do que, eu não vou para a fisioterapia.

- Qual o nome da sua mãe?

- Lara, por quê?

- Ô dona Lara! - gritou da porta do quarto – Sua filha tá pedindo para tomar um banho e se preparar que nós vamos sair!

A mãe de Maria Clara acabou animando-se com a notícia, e o jovem usou essa empolgação para chantagear sentimentalmente a moça. Como previsto, a raiva que sentia de Diego acabou por despertá-la da letalergia a qual estava submersa, ainda que fosse de forma agressiva e hostil. Não teve coragem de acabar com o sorriso de esperança que sua mãe esboçava ao aprontá-la, então não teve remédio senão submeter-se ao convite. Ao final das contas, estava com uma aparência mais vivida, isso no limite de seu estado de pouca alimentação. Começava a dar assim, os primeiros passos de uma lenta possível recuperação.

Diego a esperou na sala, e usou seu melhor e mais cordial elogio para cumprimentá-la, embora o mesmo tenha ricocheteado em uma muralha de arrogância impenetrável e a adição de “acordar os outros a essa hora da manhã” aos motivos que justificavam a raiva que a moça sentia. Quando ultrapassaram a porta da casa, o jovem começou a empurrar a cadeira de rodas:

- Eu consigo fazer isso sozinha! - argumentou Maria Clara.

- Pode até conseguir, mas vai chegar cansada se for assim, e eu não tou muito afim de fazer uma viagem perdida.

- Achei que íamos de carro.

- Iriamos, mas por causa de um certo episódio...

- Ai vem você com essa história! Escuta e se a situação fosse ao contrário? E se fosse você que estivesse no meu lugar?!

- Nesse caso eu iria te culpar por quase ter me matado e você me culparia pela perda do carro. Agora vamos nessa que já estamos atrasados.

E partiram rumo a clínica de fisioterapia.

Dizem que para muitas caminhadas, o primeiro passo é sempre o mais difícil. Esse caso não era exceção. Era preciso fazer com que os membros inferiores recuperassem a mesma mobilidade que tinham antes do acidente. Em teoria, seria fácil, já que a medida que os exercícios fossem sendo realizados, o problema seria resolvido. Porém, na prática era algo extremamente complicado, porque o mínimo de esforço que a jovem fazia para movimentar as pernas, provocava uma dor lancinante e insuportável. O fisioterapeuta alertou a respeito disso, o que levou Maria Clara a colocar em xeque a decisão de voltar ou não a andar. Em suma, toda a dor que ela sentia no corpo, fazia Diego sentir o dobro na alma.

Quando os dois retornavam para a casa da moça, ela foi a primeira a argumentar:

- Eu desisto Diego. Não quero voltar lá amanhã...

- Mas vamos ter que voltar, isso é, ele não disse que você não pode mais andar, então quer dizer que ainda pode dar certo!

- Você não entende?! Eu não consigo! Minhas pernas doem muito e mal consigo mexê-las!

- Escuta, agora não é só você! Então amanhã nós iremos novamente, querendo você ou não!

Felizmente, a jovem já estava tanto sem energia, quanto paciência para prosseguir com a discussão e decidiu seguir o resto do percurso em silêncio, até ficar incomodada com os olhares que as pessoas lhe lançavam. Diego tentou animá-la, fazendo-a sonhar com os planos para quando recuperasse a mobilidade, contudo, não teve quaisquer efeito.

No dia seguinte, foram usadas as mesmas chantagens sentimentais com a mãe da moça, que por sua vez, tiveram o mesmo efeito. Maria Clara continuava sem querer ir ao consultório, por isso pedia a todo momento que fizessem uma pausa, ou comprassem algum lanche onde quer que fosse, mas como quem estava a conduzir a cadeira era Diego, nada feito. Durante a primeira semana da fisioterapia, a jovem, embora ainda com vontade de desistir de tudo, começava a dar seus primeiros passos, apoiada nas barras de suporte e amparada tanto pelo jovem quanto pelo fisioterapeuta. Foram somente dois metros, que pareceram dois quilômetros sendo percorridos com um monte de pregos fincados às pernas.

No início da segunda semana, os dois fizeram algo que estava fora da rotina. Depois da sessão de reabilitação, a jovem convidou o rapaz para um pequeno lanche, próximo de sua casa. Ele aceitou, mas não sabia muito o que esperar, já que ela estava sendo demasiada simpática e isso não lhe era muito comum. Entre um sanduíche e outro, foi revelado que o motivo nada mais era do que um tentar conhecer melhor o outro, já que estavam passando tempo demais juntos e pouco sabiam a respeito de suas vidas. A primeira pergunta, foi relativa ao que cada um estava fazendo na noite anterior ao acidente. Maria Clara na faculdade e Diego na festa. Quanto aos relacionamentos, o noivado com Henrique havia chegado ao fim por iniciativa do mesmo e o namoro com Fani, nunca existiu realmente, mas também não era possível reclamar por causa do caso paralelo com Raíssa.

- Sempre que eu acho que você tem salvação, aparece uma dessas e me deixa convicta de que tu é um caso perdido Diego. – falou Maria Clara sorrindo, não sabe-se de ironia ou de realmente ter achado a situação engraçada.

- É, mas eu sem que você também apronta de vez enquanto... - recrutou ele em um tom igual.

De repente, a jovem olhou para o lado e pediu para que se levantassem e fossem logo embora. Isso porque de muito longe, avistou Henrique se aproximando. Diego pagou a conta o mais rápido que pode e saiu às pressas, antes que fossem avistados, o que para ele, evitava um soco a mais no rosto. Maria Clara ainda estava ressentida com o fim do compromisso, mas decidira consigo mesma que a prioridade a partir daquele momento, era voltar a andar. O resto tornava-se uma simples consequência daquilo que aos poucos, deixara de importar.

Durante a segunda semana, começaram as práticas na piscina, o que era mais agradável já que ao mesmo tempo, pairava uma atordoante onda de calor sobre a cidade. Pode-se dizer que entre uma prática e outra, sempre acontecia inevitáveis brincadeiras entre os dois. Outra coisa que tornava o ambiente ainda mais agradável, é que na água a jovem possuía um pouco mais de mobilidade. Com o tempo, um senhor de terno passou pelo corredor que levava a diretoria do consultório. Diego achou aquela figura um tanto conhecida, mas não tinha certeza de onde o avistara. Segundo o funcionário, aquele era o sócio majoritário da rede de clínicas. Ainda sim, nada na memória. Finalmente, depois de quase ser “afogado” por Maria Clara que se jogou em suas costas, o rapaz pôde ver uma figura parada frente a piscina, de braços cruzados e observando aquela cena. Era Fani.

- Muito bonito senhor Diego – disse ela – faz quase um mês que você não manda notícias e fica ai se divertindo com outra...

- Saindo... - disse Maria Clara mergulhando para longe.

- Ao menos ela não tem idade para ser a minha avó... - recrutou o jovem.

A discussão não se prolongou por muito tempo, porque o senhor de terno logo retornou para buscar Fani.

- Adeus Diego! - falou com um gesto de quem manda um beijo.

O rapaz não disse nada, apenas a viu sair abraçada a um outro. Ficou pensativo por um longo tempo. Sentia-se mal porque não se arrependera de uma virgula do que fizera enquanto estivera namorando com a jovem. Era estranho, como se uma ilusão provocada por um entorpecente houvesse chegado ao fim e o deixasse perdido em meio a realidade. Maria Clara aproximou-se e perguntou se estava tudo bem. Ele afirmou que sim e disse que isso era o de menos, mas no fundo não era. Diego era do comum tipo de pessoa que dizia não se importar quando obrigado a romper um laço importante, fazendo-se de forte, contudo, muitas vezes são as pessoas mais fortes que portam as defesas mais frágeis.

Ao final daquela semana, havia nascido na relação uma grande amizade, não menos que isso porque ambos começavam a se adaptar ao que não suportavam do outro; não mais que isso porque sempre que ele olhava as cicatrizes, sentia-se culpado e ela, ainda não havia conseguido perdoá-lo totalmente. Em meados da terceira semana, foram abordados por Henrique enquanto retornavam da sessão de fisioterapia.

- O que você está fazendo com esse imbecil? - perguntou meio confuso e enfurecido.

- Ele está me ajudando a voltar a andar. - falou Maria Clara – anda Diego, vamos logo...

- Precisamos conversar...

- Não temos nada para conversar Henrique. Tudo ficou muito bem esclarecido naquela tarde.

- Escuta cara, não dá só pra deixar a gente passar? - falou Diego – Estamos com uma certa pressa e hoje foi bem cansativo.

- Você fica na sua! Nada disso estaria acontecendo se não fosse sua irresponsabilidade.

Maria Clara então argumentou de todas as formas possíveis que não queria conversa. Que estava melhor sozinha e que não havia razão para voltar para o homem que a abandonou no momento em que ela mais precisara. Henrique então partilhava do mesmo sentimento de Diego, o de assumir um erro e não querer aceitar a pena. Viu que aos poucos, a jovem voltaria a ser o que era, dessa vez, mais forte e determinada por superar um desafio tão brutal que a vida lhe propusera. Tudo o que pode dizer foi que sem ela, o mundo dele não fazia sentido. E saiu extremamente comovido.

- Cara mais insistente... - falou Diego.

- Vamos para casa, agora...- disse Maria Clara depois de respirar fundo.

Na semana seguinte, finalmente a jovem estava livre da cadeira de rodas, exceto para percurso muito longos. Apoiava-se agora no uso das muletas. Diego acabou se ausentando por um tempo, porque Guto teve um pequeno problema com drogas e o pai decidiu aproveitar o espírito de bom samaritano do filho para convencê-lo a procurar tratamento.

O jovem contou ao amigo boa parte do que acontecera, de como Maria Clara era interessante, bela, embora as vezes fosse bem sarcástica. Guto não sabia o que dizer, aliás, estava com a mesma dúvida que Diego tinha, isso é, será se de alguma forma os dois poderiam ser mais que bons amigos? Sempre que essa pergunta era feita, os dois pratos da balança eram preenchidos um com todos os bons momentos de brincadeiras e descontração e o outro com a frase que ainda ecoava na cabeça do jovem, de que nem a morte o iria redimir de sua culpa.

Tâmara, que por um bom tempo estivera ausente, fora visitar a amiga. Estava surpresa com o progresso que Maria Clara atingiu em tão pouco tempo e logo já combinavam os passeios. Embora o avanço fosse consequência de seu esforço, não negou os créditos do jovem que desde o começo, a motivara. A amiga perguntou se ela o havia perdoado, e ainda se estava “gostando” dele. A resposta era esperada: não importava o quanto ela agora simpatizasse com ele. O destino colocara a “culpa” como uma barreira que não permitia nada mais intenso.

Até essa altura, ninguém conhecia os verdadeiros sentimentos do outro. Tudo mudou no último dia da reabilitação.

Depois de muito tempo e esforço, Maria Clara já havia se recuperado o bastante para conseguir uma boa mobilidade, embora ainda mancasse um pouco e não se arriscasse a percorrer distâncias muito longas. Henrique procurou-a insistentemente, completamente amargurado pela perda da jovem, começando com o assustador discurso de que se não fosse com ele, ela não ficaria com mais ninguém. Ameaças a parte, era hora de comemorar, por isso, a turma da faculdade fez uma festa surpresa, para receber de volta a tão querida amiga.

Diego por sua vez, estava trancado dentro do quarto. De agora em diante, sua ajuda não era mais necessária, então não haviam mais pretextos para passar mais tempo com a jovem, a menos que revelasse tudo o que começou a sentir desde o momento em que começou a conviver com ela, as conversas, a mudança radical. O rapaz já não ia em muitas festas ou assumia compromissos desleais, a ressaca da festa antes do telefonema foi a última que tivera, além de começar a pensar em estudar para o vestibular de alguma faculdade. Todos até aquele momento, exceto o próprio jovem, haviam percebido aquela mudança para melhor. Nesse instante, deu-se conta do quanto precisava dela em sua vida e partiu direto para a faculdade, para encontrá-la na saída da aula.

Maria Clara saiu da faculdade comum grupo de amigos, ainda cantando uma música e enfeitados com os chapéus de festa. Enquanto isso, o jovem tentou caminhar, mas a pressa e a ansiedade o fizeram correr feito um louco. Precisava dizer que a amava o quanto antes, como se o mundo fosse acabar caso não o fizesse. Parou quando viu o grupo de alunos saindo. Notou que Henrique dobrara a esquina, caminhando de forma apressada e com um rosto aparentemente transtornado. Previu instantaneamente que aquilo não acabara bem, e conseguiu alcançar a moça antes dele.

- Diego?! - assustou-se ela – o que você tá fazendo aqui?

Não houve tempo para resposta. Todo os centésimos daqueles segundos foram dedicados às ações impensadas. Henrique estava a poucos passos de Maria Clara, ergueu a arma com o braço direito e antes que pudesse tremer ou até mesmo se arrepender, apertou o gatilho. O projétil viajou pelo ar, em uma trajetória reta e silenciosamente ofuscada pelo barulho do tiro. Perfurou primeiramente o tecido e depois a pele, alojando-se entre o tórax e o abdomem, bem próximo à coluna. Um segundo disparo não foi realizado por agilidade do segurança, que estava próximo e conseguiu desarmá-lo. Enquanto isso, a gravidade conduzia o corpo ao chão, sendo amparado apenas por duas mãos que aos poucos começavam a ficar encharcadas de um espesso líquido vermelho à medida que tentava fazer pressão para estancar o sangramento. Diego havia sido atingido.

O rapaz usou todo aquele breve tempo para se interpor entre a jovem e a bala. A única forma de protegê-la era sacrificando-se e para aquilo, não havia necessidade de se pensar duas vezes. Queria vê-la bem, salva de tudo, embora nunca fosse capaz de receber seu perdão. As muitas sensações daquele momento serviam de anestesia, tanto para a dor do projétil ainda aquecido dentro do corpo, quanto para as lágrimas da moça que tocavam seu rosto. Tinha cumprido sua missão, embora tarde demais.

A única coisa que Maria Clara conseguia dizer eram pedidos. Pedia ao jovem que não morresse, que ficasse acordado. Também pedia ajuda, mas era inútil porque a maior ajuda que alguém pôde lhe dar naquele momento foi ter chamado a ambulância. Dizem que só se dá o devido valor à algo quando estamos prestes a perdê-lo, e naquele momento, começara o arrependimento pelas palavras que foram dirigidas anos atrás “nem a morte”. A respiração do rapaz começava a ficar ofegante e ele acabou tocando de leve o rosto dela. Pouco a pouco, o ritmo acalmava-se até ficar imperceptível. Em meio a um abraço apertado, quase inconsciente, o ferido esperava ouvir um “eu te perdoo”. Todavia, ouviu uma frase totalmente diferente:

- Eu te amo seu irresponsável! – disse Maria Clara em meio as lágrimas – Não faz isso comigo!

Diego sorriu como quem se despede. Ao longe, a sirene dava a entender que o socorro estava próximo. Naquele exato momento, o coração do jovem deixou de bater.

 

Continua...

 

Neudson Nicasio