Furtado

Qual o sentido de viver se para mim a vida não faz o menor sentido?

Por que devo seguir adiante se nem ao menos sorrir de verdade eu consigo mais?

Por que buscar sentido no mundo se o meu próprio jaz em uma zona tenebrosa de lágrimas e dor?

Por que tentar ser feliz se há muito tempo me furtaram o direito a esse direito comum?

Por que insistir?

Melhor seria, tal qual um vapor de água, desaparecer.

Dormir e acordar em outra realidade, quem sabe o sono das almas que agora descansam fosse a melhor saída para algo que de vida só leva o nome.

Sei que o brilho subtraído do meu olhar jamais voltará, pois como quem parte para não mais voltar, ele se foi, para um lugar que não estaria ao alcance dos meus passos mortais ou da luz afugentada dos meus olhos. E por que buscá-lo?

Talvez lá com a felicidade que me foi furtada esteja melhor ou quem sabe, um dia descubro o mistério dos anjos e com um voo leve e suave, vou encontrar o que tiraram de mim, a essência do meu eu perdido, o que de mais puro eu tinha: minha alma!

Gilmar Alexandre